Como Ajudar uma Pessoa com Crise de Ansiedade por Mensagem? Passo a Passo

Aprenda técnicas práticas e eficazes para ajudar alguém em crise de ansiedade através de mensagens.
O que esse artigo aborda:

Você já recebeu aquela mensagem desesperada de alguém que estava tendo uma crise de ansiedade e não soube exatamente o que fazer? É uma situação que deixa qualquer pessoa preocupada, não é mesmo? Principalmente porque a gente quer ajudar de verdade, mas está do outro lado da tela.

Bom, vamos esclarecer isso de uma vez por todas.

O Que Está Acontecendo Durante uma Crise de Ansiedade?

Antes de mais nada, você precisa entender o que a pessoa está sentindo naquele momento. Uma crise de ansiedade não é simplesmente “estar nervoso”. É uma experiência física e emocional intensa.

O coração dispara. A respiração fica descompassada. As mãos tremem. A pessoa pode sentir que vai desmaiar, que está tendo um ataque cardíaco, ou até mesmo que vai morrer. Dá para imaginar como isso é assustador, né?

E olha que não estou exagerando não. O cérebro da pessoa está em modo de alerta máximo, como se houvesse um perigo real e imediato. Mesmo que, racionalmente, ela saiba que está segura.

O que muita gente não sabe é que essas sensações físicas são reais. Não é frescura, não é exagero. É o sistema nervoso reagindo de forma exagerada a uma situação.

Por Que Ajudar por Mensagem Funciona?

Você pode estar pensando: “Mas será que consigo realmente ajudar à distância?” A resposta é sim.

Sabe aquela sensação de isolamento que vem junto com a crise? Então, sua presença digital quebra isso. Mesmo estando longe, você cria uma âncora emocional para a pessoa.

A mensagem tem algumas vantagens, para ser mais exato. A pessoa pode ler e reler suas palavras. Pode responder no seu tempo. E, principalmente, não precisa se preocupar em “parecer normal” enquanto conversa com você.

Sem falar que, muitas vezes, a crise acontece tarde da noite, ou em momentos em que encontrar presencialmente é impossível.

O Que Fazer Imediatamente: Os Primeiros 5 Minutos

Quando você percebe que alguém está em crise, os primeiros minutos são cruciais. Não precisa ter todas as respostas, mas precisa estar presente.

Reconheça e valide o que a pessoa está sentindo.

Comece com algo simples e direto: “Estou aqui com você” ou “Você não está sozinho(a) agora”. Parece básico, mas faz toda diferença.

Evite frases como “calma” ou “relaxa”. Sabe por quê? Porque a pessoa já sabe que precisa se acalmar. O problema é que ela não consegue naquele momento. É como pedir para alguém com a perna quebrada “parar de sentir dor”.

Ajude a pessoa a focar na respiração.

Envie instruções claras e pausadas: “Vamos respirar juntos, ok?” “Inspira contando até 4” “Segura por 2 segundos” “Solta o ar contando até 6”

Mande essas mensagens uma de cada vez. Deixe a pessoa acompanhar seu ritmo. Você pode até usar pontos para marcar o tempo: “Inspira… 1… 2… 3… 4…”

Traga a atenção para o momento presente.

Faça perguntas simples que exigem observação do ambiente:

  • “O que você está vendo ao seu redor agora?”
  • “Consegue me dizer 3 coisas azuis que estão perto de você?”
  • “Que sons você está ouvindo neste momento?”

Essas perguntas ajudam a pessoa a sair do ciclo de pensamentos ansiosos. É uma técnica que se chama ancoragem no presente, e funciona mesmo.

Frases Que Realmente Ajudam

Vou ser bem direto aqui: algumas frases são poderosas durante uma crise. Outras podem piorar a situação, mesmo com a melhor das intenções.

Use estas frases:

“Isso vai passar. Crises de ansiedade sempre passam.” “Você já passou por isso antes e conseguiu.” “Não precisa lutar contra o que está sentindo. Deixa passar.” “Estou aqui, não vou sair.” “Você está seguro(a).”

Evite estas frases:

“Não é nada demais.” “Outras pessoas passam por coisas piores.” “Você precisa se controlar.” “É só respirar e vai passar.” “Você está exagerando.”

Percebe a diferença? As frases que ajudam validam a experiência. As que atrapalham minimizam ou culpam a pessoa.

Técnicas Práticas para Enviar por Mensagem

Agora vamos ao que realmente funciona na prática. São técnicas simples que você pode guiar à distância.

A Técnica dos 5 Sentidos

Essa é poderosa e fácil de fazer. Peça para a pessoa identificar:

  • 5 coisas que pode ver
  • 4 coisas que pode tocar
  • 3 sons que pode ouvir
  • 2 cheiros que pode sentir
  • 1 coisa que pode saborear

Envie uma pergunta de cada vez. Espere a resposta. Não tenha pressa.

O Exercício da Água Fria

Se a pessoa consegue se movimentar, sugira: “Tenta lavar o rosto com água bem fria” “Ou segura um cubo de gelo na mão”

O choque de temperatura ajuda a “resetar” o sistema nervoso. É como dar um choque de realidade para o corpo, sabe?

A Contagem Regressiva

Peça para a pessoa fazer contagem regressiva, contar de 100 para trás, de 3 em 3. Ou de 7 em 7, se ela conseguir se concentrar mais. Isso ocupa a mente com algo que exige atenção, desviando o foco da ansiedade.

O Que NÃO Fazer (E Por Quê)

Vamos falar sobre os erros mais comuns, porque às vezes a gente quer tanto ajudar que acaba fazendo o oposto.

Não tente racionalizar a crise.

Não adianta explicar que “não tem motivo para se sentir assim”. Durante uma crise, o cérebro emocional está no comando. A lógica fica em segundo plano.

Não desapareça no meio da conversa.

Se você começou a ajudar, fique até a pessoa estar mais estável. Um “tenho que ir” no meio da crise pode intensificar o sentimento de abandono.

Não minimize o que está acontecendo.

Mesmo que para você pareça “só ansiedade”, para quem está sentindo é muito real e muito assustador. Respeite essa experiência.

Não force soluções imediatas.

“Você devia procurar um psicólogo agora” ou “já tentou meditar?” não são úteis durante uma crise. Guarde essas sugestões para depois, quando a pessoa estiver mais calma.

Como Saber Se a Situação É Grave?

Essa é uma preocupação válida. Nem toda crise de ansiedade é igual, certo?

Fique atento a estes sinais de alerta:

A pessoa menciona querer se machucar ou desistir de viver. Diz que não aguenta mais e não vê saída. Está sob efeito de álcool ou outras substâncias durante a crise. Tem sintomas físicos muito intensos (dor no peito forte, dificuldade severa para respirar).

Se algum desses sinais aparecer, você precisa agir diferente. Pergunte diretamente: “Você está pensando em se machucar?” Não tenha medo de fazer essa pergunta. Ela não vai dar ideias para ninguém.

Se a resposta for sim, ou se você perceber perigo real, é hora de envolver outras pessoas. Pergunte se tem alguém próximo que pode ir até lá. Ou, se necessário, ligue para serviços de emergência.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende pelo 188 gratuitamente. Você pode sugerir que a pessoa ligue, ou até ligar junto (em chamada separada) para dar suporte.

Depois da Crise: O Que Fazer?

A crise passou. A pessoa está respirando melhor. O coração voltou ao ritmo normal. E agora?

Esse momento também é importante. Não simplesmente “volte ao normal” como se nada tivesse acontecido.

Reconheça a coragem da pessoa.

“Você conseguiu passar por isso” ou “Foi corajoso você me procurar” são frases que fazem diferença. Muita gente se sente envergonhada depois de uma crise.

Não pressione por explicações.

Se a pessoa quiser falar sobre o que desencadeou a crise, ótimo. Se não quiser, tudo bem também. Respeite o tempo dela.

Ofereça sua presença continuada.

“Estou aqui se você precisar conversar mais tarde” ou “Pode me chamar sempre que sentir que vai ter outra crise”. Isso cria uma rede de segurança emocional.

Sugira gentilmente buscar ajuda profissional.

Mas faça isso com cuidado. Algo como: “Você já pensou em conversar com alguém que entende disso profissionalmente? Pode te ajudar a lidar melhor com essas crises.”

Não é uma cobrança. É uma sugestão acolhedora.

Cuidando de Você Também

Vou falar uma coisa que muita gente esquece: ajudar alguém em crise também é desgastante para você.

Você pode sentir ansiedade ao receber aquelas mensagens. Pode sentir medo de não saber o que fazer. Ou até mesmo uma pressão de “salvar” a pessoa.

E olha que é normal sentir tudo isso.

Você não é responsável pela ansiedade da outra pessoa. Você pode oferecer suporte, mas não pode “curar” ninguém. Estabeleça limites se necessário. Se você também está passando por um momento difícil, talvez não seja o melhor momento para dar esse tipo de suporte.

Está tudo bem dizer: “Eu quero te ajudar, mas agora não estou bem também. Vamos encontrar alguém que possa te apoiar melhor neste momento?”

Cuidar de si mesmo não é egoísmo. É necessário.

Quando Você Deve Incentivar Ajuda Profissional?

Algumas situações vão além do que você pode fazer por mensagem, sabe?

Se as crises são frequentes (mais de uma vez por semana). Se estão interferindo na vida da pessoa (trabalho, relacionamentos, rotina). Se a pessoa já tentou várias estratégias e nada funciona. Se há histórico de outros problemas de saúde mental.

Nesses casos, um psicólogo ou psiquiatra pode fazer toda diferença. A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, é muito eficaz para transtornos de ansiedade.

E não precisa ter vergonha nem medo de sugerir isso. Buscar ajuda profissional é sinal de força, não de fraqueza.

Ferramentas e Recursos Úteis

Existem alguns recursos que você pode compartilhar com a pessoa, para que ela tenha mais ferramentas disponíveis:

Aplicativos de respiração: Vários apps gratuitos ensinam técnicas de respiração guiada. Podem ser úteis durante crises futuras.

Linhas de apoio: Além do CVV (188), existem outros serviços de escuta emocional disponíveis online e por telefone.

Grupos de apoio: Comunidades online onde pessoas compartilham experiências com ansiedade podem ajudar a pessoa a se sentir menos sozinha.

Conteúdos educativos: Artigos e vídeos sobre ansiedade ajudam a pessoa a entender melhor o que está acontecendo com ela.

Mas lembre-se: ofereça esses recursos depois da crise, não durante.

Perguntas Frequentes

Posso ajudar alguém em crise mesmo sem nunca ter tido ansiedade?

Sim, com certeza. Você não precisa ter vivido a experiência para ser empático e estar presente. O mais importante é ouvir sem julgar e seguir as orientações práticas.

E se a pessoa não responder às minhas mensagens durante a crise?

Isso pode acontecer. Às vezes a pessoa está tão imersa na crise que não consegue digitar. Continue enviando mensagens de apoio, mas não pressione por respostas. Se estiver muito preocupado e sem contato por muito tempo, tente ligar ou acionar alguém próximo.

Quanto tempo uma crise de ansiedade costuma durar?

Geralmente entre 10 e 30 minutos. Pode parecer muito mais longo para quem está passando por isso. Se durar mais de uma hora, pode ser importante avaliar se não há algo mais acontecendo.

Posso usar emojis ou figurinhas para deixar a conversa mais leve?

Depende muito da intimidade que você tem com a pessoa e do momento. Durante a crise aguda, mantenha as mensagens simples e diretas. Depois, quando a pessoa estiver melhor, elementos mais descontraídos podem ajudar a normalizar a situação.

E se eu disser algo errado?

Ninguém é perfeito. Se você perceber que disse algo que não ajudou, simplesmente reconheça: “Desculpa, acho que não me expressei bem. O que eu quis dizer foi…”. Sua intenção de ajudar já conta muito.

Uma Palavra Final

Estar do outro lado da tela quando alguém precisa de você não é fácil. Você vai se sentir impotente às vezes. Vai querer fazer mais do que é possível.

Mas saiba que sua presença, mesmo à distância, faz diferença. Às vezes, a única coisa que uma pessoa em crise precisa é saber que não está sozinha. E você pode oferecer exatamente isso.

Se você conhece alguém que tem crises de ansiedade com frequência, vale a pena ter uma conversa em um momento tranquilo. Perguntar como você pode ajudar da melhor forma, respeitar os limites e construir juntos um plano para esses momentos.

E lembre-se: você está fazendo o melhor que pode. E isso já é muito.

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