Vício em Jogos: O que é, perigos, sintomas e tratamentos

Saiba o que é vício em jogos, como identificar os principais sinais e sintomas desta dependência comportamental. Conheça as formas de tratamento disponíveis com profissionais especializados.
O Que é Vício em Jogos Como Identificar os Sinais
O que esse artigo aborda:

Já sentiu que não consegue parar de jogar? As horas voam. O dia vira noite. E lá está você, ainda grudado na tela.

Você não está sozinho. O vício em jogos é real. Afeta milhões de pessoas no mundo todo.

Neste artigo, vamos falar sobre esse problema crescente. Vamos entender o que é, como identificar e o que fazer a respeito.

Como psicóloga especializada em dependências comportamentais, vejo cada vez mais casos em meu consultório. São pessoas de todas as idades. Com histórias diferentes, mas sofrimentos parecidos.

O transtorno do jogo foi reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde em 2018 como um problema de saúde mental (OMS, 2018). Isso mudou a forma como tratamos essa condição.

Vamos mergulhar nesse tema. E ajudar você a entender melhor esse mundo.

O que é vício em jogos e como se manifesta

O vício em jogos vai além do simples gostar de jogar. É quando o jogo toma conta da vida. Domina os pensamentos. Controla as escolhas.

A pessoa perde a capacidade de limitar o tempo. Joga mais do que planejou. Tenta parar, mas não consegue.

O cérebro busca a próxima recompensa. O próximo nível. A próxima vitória. É um ciclo que se repete.

Na minha clínica, atendi um jovem de 19 anos. Ele jogava 16 horas por dia. Abandonou a faculdade. Mal se alimentava. Seu mundo havia se reduzido à tela do computador.

O vício em jogos funciona como outras dependências. O cérebro libera dopamina durante o jogo. Cria sensação de prazer e recompensa. Com o tempo, precisa de mais para sentir o mesmo efeito.

É como uma armadilha cerebral. Quanto mais joga, mais quer jogar.

Principais tipos de dependência em jogos

O vício não é igual para todos. Existem diferentes tipos. Cada um com suas particularidades.

Jogos eletrônicos e videogames

São os mais comuns hoje. Incluem jogos de console, PC e mobile.

Os jogos online são especialmente viciantes. Nunca terminam de verdade. Sempre há novos desafios. Novos itens para conquistar.

Um paciente meu comparava seu vício em MMORPG a “viver em dois mundos ao mesmo tempo”. No virtual, ele era um herói respeitado. No real, sentia-se fracassado.

Os jogos multiplayer criam pressão social. Amigos esperam que você esteja online. Equipes dependem da sua presença. Isso aumenta o compromisso.

Jogos de azar e apostas online

Envolvem dinheiro. E a chance de ganhar ou perder.

As apostas online facilitaram o acesso. Antes, era preciso ir a um cassino. Hoje, basta um celular e cartão de crédito.

O perigo aqui é duplo. Além do vício comportamental, há o risco financeiro. Vi famílias perderem casas e economias de vida.

A ilusão de controle é forte. “Na próxima eu recupero o que perdi.” Esta frase já arruinou muitas vidas.

Jogos de RPG e mundos virtuais

Criam mundos completos. Com economias próprias. Relações sociais. Status.

Oferecem o que muitos não encontram na vida real. Poder. Reconhecimento. Pertencimento.

Uma paciente de 35 anos me contou que sua personagem virtual tinha “uma vida muito melhor” que ela. No jogo, era líder de guilda. Na vida real, estava desempregada.

A linha entre o real e o virtual se borra. O mundo do jogo parece mais atraente. Mais recompensador.

Sinais e sintomas do vício em jogos

Como saber se é apenas um hobby ou já virou problema? Existem sinais claros, vamos entender:

Perda de controle sobre o tempo de jogo

É o sintoma mais comum. A pessoa planeja jogar uma hora. Acaba jogando cinco.

Perde a noção do tempo. Esquece compromissos. Deixa de dormir.

Um adolescente que atendi jogava até cair de sono. Acordava e voltava a jogar. Seu ciclo de sono estava completamente alterado.

O tempo vira uma dimensão estranha. Horas parecem minutos. A realidade fica em segundo plano.

Abstinência e irritabilidade quando não está jogando

Ficar sem jogar causa mal-estar físico e emocional. Ansiedade. Irritação. Até mesmo sintomas físicos.

A pessoa fica inquieta. Não consegue pensar em outra coisa. Só se acalma quando volta ao jogo.

“É como uma coceira no cérebro”, descreveu um paciente. “Só alivia quando estou jogando.”

Familiares geralmente percebem esse sintoma antes do próprio jogador. Notam a mudança de humor quando o jogo é interrompido.

Prejuízos nas relações pessoais e atividades diárias

As relações reais sofrem. Amizades se desfazem. Casamentos entram em crise.

Trabalho e estudos são negligenciados. Contas não são pagas. Oportunidades são perdidas.

Vi casais se separarem por causa do vício. Pais que mal conheciam os filhos. Carreiras promissoras destruídas.

Uma mãe me procurou em prantos. Seu filho de 22 anos havia desistido de um estágio dos sonhos para participar de um campeonato de e-sports. Não era profissional. Apenas vício.

Perigos e consequências da dependência em jogos

O vício tem um preço alto. Afeta todas as áreas da vida.

Impactos na saúde física e mental

O corpo sofre. Sedentarismo. Má alimentação. Privação de sono.

Problemas posturais são comuns. Tendinites. Síndrome do túnel do carpo. Dores nas costas.

A visão também é afetada. Olhos secos. Fadiga visual. Dores de cabeça frequentes.

A saúde mental piora. Aumentam os sintomas de depressão e ansiedade. A autoestima cai junto com a qualidade de vida.

Problemas financeiros e dívidas

Jogos parecem baratos. Alguns até são gratuitos para começar. Mas há muitos gastos escondidos.

As microtransações são tentadoras. “Apenas R$5 por este item”. Mas esses valores se acumulam.

Nos jogos de apostas, as perdas podem ser devastadoras. Dívidas se acumulam. O jogador aposta mais para recuperar o que perdeu.

Um cliente gastou mais de R$40 mil em um jogo de celular. Usou o dinheiro que seria para a entrada do apartamento. Sua noiva cancelou o casamento ao descobrir.

Isolamento social e abandono de responsabilidades

O mundo real fica em segundo plano. Amigos reais são substituídos por amigos virtuais.

Eventos familiares são ignorados. Aniversários. Casamentos. Encontros.

O trabalho sofre. Faltas. Atrasos. Baixo rendimento. Até demissões.

Tive um paciente que perdeu três empregos em dois anos. Sempre pelo mesmo motivo: jogar durante o expediente ou faltar para jogar.

Diagnóstico e avaliação do transtorno do jogo

O diagnóstico correto é o primeiro passo para o tratamento.

Critérios diagnósticos e escalas de avaliação

Os profissionais usam critérios específicos. Frequência. Intensidade. Prejuízos causados.

A CID-11 lista o “transtorno do jogo” como diagnóstico oficial. Define critérios claros.

Existem questionários padronizados. Ajudam a avaliar a gravidade do problema.

“A dependência de jogos deve ser levada tão a sério quanto outras dependências, pois segue os mesmos mecanismos neurobiológicos no sistema de recompensa cerebral” (GRIFFITHS, 2019).

Diferenciação entre uso recreativo e dependência

Jogar não é automaticamente um problema. Milhões jogam de forma saudável.

A linha que separa o lazer da dependência é o controle. No lazer, a pessoa escolhe jogar. Na dependência, sente que precisa jogar.

O impacto na vida também é diferente. O jogo recreativo soma à vida. O vício subtrai.

Em meu consultório, faço sempre a pergunta: “Você controla o jogo ou o jogo controla você?”

Comorbidades frequentes com outros transtornos

O vício raramente vem sozinho. Costuma estar acompanhado de outros problemas.

Depressão e ansiedade são as mais comuns. Às vezes são causa, às vezes consequência.

TDAH também tem alta correlação. A busca por estímulo e a dificuldade de controle de impulsos aumentam o risco.

Outros vícios podem coexistir. Álcool. Drogas. Compulsão alimentar.

Tratamentos eficazes para vício em jogos

Existe saída. O tratamento funciona quando bem aplicado.

Terapias comportamentais e cognitivas

A terapia cognitivo-comportamental mostra bons resultados. Ajuda a identificar gatilhos. Desenvolver estratégias de controle.

Trabalha pensamentos distorcidos. “Só mais uma partida.” “Posso parar quando quiser.”

Ensina novas formas de lidar com emoções. Sem usar o jogo como fuga.

Com um adolescente, usei um diário de jogos. Ele anotava quando jogava. Por quê. Como se sentia antes e depois. Foi revelador para ele ver os padrões.

Abordagens farmacológicas quando necessárias

Em alguns casos, medicamentos ajudam. Especialmente quando há outras condições associadas.

Antidepressivos podem ser indicados. Estabilizadores de humor. Medicamentos para ansiedade.

A decisão é sempre médica. Feita caso a caso. Com avaliação cuidadosa.

Nunca como solução única. Sempre combinada com terapia e mudanças comportamentais.

Grupos de apoio e suporte familiar

Ninguém supera um vício sozinho. O apoio de outras pessoas é fundamental.

Grupos de apoio conectam pessoas com o mesmo problema. Criam rede de suporte. Troca de experiências.

A família precisa ser parte da solução. Aprender sobre o problema. Ajudar de forma construtiva.

Uma mãe que acompanhei aprendeu a não atacar o filho pelo vício. Em vez disso, criou momentos de qualidade fora das telas. Gradualmente, ele foi redescobrir o prazer do mundo real.

Estratégias de prevenção e uso saudável de jogos

Prevenir é melhor que remediar. E é possível jogar de forma saudável.

O tempo é o primeiro fator a controlar. Definir limites claros. Usar alarmes.

Criar pausas obrigatórias. Levantar. Esticar-se. Olhar para longe da tela.

Manter outras atividades na vida. Esportes. Hobbies. Encontros sociais.

Pais podem ajudar desde cedo. Ensinando uso equilibrado. Dando exemplo.

Um pai criou uma estratégia inteligente. Para cada hora de atividade física, o filho ganhava uma hora de jogo. Funcionou bem para ambos.

Os jogos não são vilões por si só. Podem ser divertidos. Educativos. Relaxantes.

O problema está no exagero. Na perda de controle. Na substituição da vida real.

Conclusão

O vício em jogos é um desafio real no mundo digital. Afeta pessoas de todas as idades. Classes sociais. Níveis educacionais.

Reconhecer o problema é o primeiro passo. Buscar ajuda é o segundo.

A recuperação é possível. Já vi muitos superarem essa dependência. Retomarem suas vidas.

Se você ou alguém que você ama está lutando contra esse problema, não hesite. Procure ajuda profissional.

O mundo real tem muito a oferecer. E está esperando por você além das telas.

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