Essa é uma pergunta que muita gente faz, principalmente quando ouve falar sobre esses dois transtornos mentais que afetam as emoções, os relacionamentos e a estabilidade da vida cotidiana.
Mas será que dá mesmo para dizer qual é pior?
A resposta pode surpreender você.
Antes de comparar, é preciso entender o que cada um desses transtornos significa.
O que é o transtorno de personalidade borderline?
O transtorno de personalidade borderline, também conhecido como TPB, é marcado por uma instabilidade intensa nas emoções, nos relacionamentos e na autoimagem.
Quem tem borderline costuma sentir tudo com muita intensidade.
Ama demais, sofre demais, se irrita muito rápido. Pequenos conflitos podem gerar reações muito fortes.
Entre os principais sintomas, estão:
- medo extremo de abandono
- mudanças bruscas de humor ao longo do dia
- comportamentos impulsivos (gastos excessivos, sexo sem proteção, automutilação)
- sensação constante de vazio
- dificuldade para manter relacionamentos estáveis
- crises de raiva ou desespero
- episódios de autoagressão ou pensamentos suicidas
É um transtorno relacionado à forma como a pessoa lida com o mundo, com os outros e com ela mesma.
O que é o transtorno bipolar?
O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por oscilações extremas de humor, que vão da depressão profunda à euforia intensa (mania).
Esses episódios geralmente duram dias ou semanas, e não são reações proporcionais ao que está acontecendo na vida da pessoa.
Na fase depressiva, a pessoa pode sentir:
- tristeza intensa e persistente
- perda de interesse por tudo
- cansaço extremo
- pensamento lento e negativo
- sensação de inutilidade
- desejo de morrer
Já na fase maníaca, os sintomas incluem:
- euforia excessiva ou irritação intensa
- fala acelerada
- sensação de grandiosidade
- impulsividade
- insônia sem cansaço
- comportamentos de risco
O transtorno bipolar não é contínuo, mas cíclico.
Os episódios vêm e vão, e há períodos de estabilidade entre eles.
Borderline ou bipolar: qual é mais grave?
Na verdade, nenhum dos dois é “mais grave” de forma universal.
Tudo depende do caso, da intensidade dos sintomas, da frequência das crises e do acesso ao tratamento.
Cada transtorno tem suas particularidades e desafios.
O borderline tende a afetar muito a qualidade dos relacionamentos e a autoestima.
A pessoa pode viver em constante instabilidade emocional, o que causa sofrimento contínuo, rupturas frequentes e grande desgaste emocional.
Já o transtorno bipolar, por ser cíclico, alterna períodos de estabilidade com crises muito intensas.
Durante essas crises, a pessoa pode precisar ser hospitalizada ou pode colocar a própria vida em risco por comportamentos impulsivos ou depressivos profundos.
Ambos podem levar a tentativas de suicídio. Ambos podem afetar profundamente o trabalho, os estudos e a vida social.
Ambos precisam de tratamento contínuo e acompanhamento profissional.
Eles podem ser confundidos?
Sim. Muitas vezes os sintomas de um se parecem com os do outro, especialmente quando o bipolar está em fase de mania ou quando o borderline está em crise.
Mas existe uma diferença importante: no borderline, as emoções mudam muito rápido, várias vezes ao dia.
No bipolar, os episódios são mais duradouros e seguem um padrão cíclico, como semanas de depressão seguidas de dias ou semanas de euforia.
Por isso, o diagnóstico correto deve ser feito por um psiquiatra experiente, que vai avaliar o histórico, os sintomas e o comportamento no tempo.
É possível ter os dois?
Sim. Uma pessoa pode ter transtorno bipolar e transtorno de personalidade borderline ao mesmo tempo. Isso torna o tratamento mais complexo, mas é possível viver com qualidade mesmo nesses casos.
Com acompanhamento adequado, medicação, terapia e apoio da família, o paciente pode aprender a lidar melhor com as emoções e viver uma vida mais equilibrada.
Existe tratamento?
Sim. Tanto o transtorno borderline quanto o bipolar têm tratamento.
No caso do borderline, a principal abordagem é a psicoterapia, especialmente a terapia comportamental dialética (DBT).
Também podem ser usados medicamentos para ajudar com sintomas como ansiedade, depressão e impulsividade.
No caso do bipolar, o tratamento costuma envolver estabilizadores de humor, antipsicóticos e psicoterapia de apoio.
O acompanhamento regular é essencial para evitar recaídas.
Conclusão: não existe “pior”, existe sofrimento
Comparar os dois transtornos com a pergunta “qual é pior” pode ser injusto e até perigoso.
Cada pessoa sente de um jeito. Cada história é única.
O mais importante é reconhecer o sofrimento, buscar ajuda especializada e começar um tratamento o quanto antes.
Se você ou alguém próximo está passando por sintomas emocionais intensos e difíceis de lidar, não hesite em procurar ajuda.
Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de melhora.
A saúde mental merece atenção, cuidado e acolhimento. E você merece viver bem.